Jardim japonês: de dentro para fora

A Frontalidade é um dos efeitos mais intrigantes na observação dos jardins japoneses.

Um cenário externo que é observado de dentro de um ambiente ou de uma varanda, onde normalmente pode-se sentar em um piso de madeira aconchegante.

Esse tratamento ocorre tanto nos jardins de passeio com lago, onde a vista tem uma escala grandiosa, como nos jardins de contemplação, que são menores e mais contidos.

De qualquer maneira, este efeito é um dos mais perfeitos ao propiciar momentos de manter o corpo estático e em descanso, permitindo, assim que os olhos pensem e a percepção seja invadida pela beleza plástica.

Efeito frontal com objetos que criam assimetria: rochas, plantas, fonte tsukubai e Lanterna de Pedra

Uma interessante contradição ocorre na relação entre a arquitetura do edifício e o jardim.

As construções usam como modulação o tatami, que é elemento do piso tradicional do Japão, feito de palha de arroz prensada revestida de esteira de junco no formato retangular.

Seu formato cria uma relação proporcional entre as paredes, divisórias e pisos, criando um ambiente interno totalmente simétrico.

No entanto, a paisagem do jardim observado busca essencialmente a assimetria e a fuga dos elementos alinhados entre si ou formando figuras perfeitas.

Essa aparente contradição é perfeita em sua oposição formal, no qual, por dentro de uma moldura ortogonal com caráter de frontalidade exata, revela-se o cenário idílico e irregular do jardim japonês assimétrico.

Fonte Bibliográfica: KALOUSTIAN, Sergio Sarkis. Jardim Japonês: A magia dos jardins de Kyoto. 1 Edição. São Paulo: Editora K, 2010.